Cosme
de Farias nasceu em 2 de abril de 1875 em São Tomé de Paripe, Salvador. Era
considerado uma pessoa influente apesar de ter origem fora dos círculos
fechados da elite da capital baiana.
Atuou
como jornalista e Rábula, advogado sem formação específica. Em 1909 recebe a
patente de major da Guarda Nacional, mesmo sem jamais ter exercido a carreira
militar. O Habeas corpus impetrado em favor de Sérgia Ribeiro da Silva, a Dadá,
é considerado o seu maior feito como advogado, conseguindo livrá-la da prisão
em 1942.
O
que não se sabia até o momento era que, mesmo antes de defender a cangaceira
viúva de Corisco, o “Advogado dos Pobres”, como ficou conhecido, havia
defendido o cangaceiro Saracura (Benício Alves dos Santos), antigo integrante
do bando de Ângelo Roque.
Em 20 de junho de 1941, usando
da sua famosa retórica, que tornava cada peça sua uma obra de arte, Cosme de
Farias argumenta em seu Habeas Corpus ao Desembargador, presidente do
Tribunal de Apelação da Bahia.
Se
referindo às condições da casa de detenção da capital, alega ser a instituição “um
tremendo matadouro humano”, conforme documento original abaixo:
Infelizmente,
na página manuscrita não é possível observar a assinatura do defensor, contudo,
pela data e pelo trecho abaixo de outra parte do mesmo processo é possível comprovar
a veracidade do documento, além disso, a letra bate perfeitamente com o documento em favor de Dadá. indicando que Farias é mesmo o autor do H.C em benefício de Saracura.
Observe que o trecho faz referência ao habeas corpus impetrado por Cosme. Esse é o
fragmento de outro trecho da documentação constante na pasta do processo contra
Saracura, de posse do Arquivo Público do Estado da Bahia.
No
final do documento, o advogado ainda solicita dispensa de custos por ser o seu “cliente”
desvalido de recursos financeiros.
De
toda sorte, a descoberta de que Cosme de Farias defendeu Saracura, além de ser
mais uma peça no quebra-cabeça da historiografia do cangaço, é mais uma amostra
de uma vida dedicada a ajudar quem precisava de seus serviços. Essa é a
história de vida do Major Cosme de farias.
Ex.
Sr. Desembargador Presidente do Tribunal de Apelação da Bahia
Nos
autos de habeas corpus conforme o que se infere a presente petição a conclusão
B.
20 de junho de 1941 (ilegível)
Abaixo
firmado, como defensor de Benício Alves dos Santos, vulgo Saracura, preso e
incomunicável na pavorosa Casa de Detenção da Bahia e pronunciado por crime de
homicídio no termo de Paripiranga, vem requerer a V. Ex. que em vista deste egrégio
tribunal haver negado a ordem de habeas-corpus requerida em seu favor, se digne
oficiar ao Ex. Sr. Secretário de segurança pública desta capital para que seja
o paciente enviado para o local da culpa, a fim de ser submetido a julgamento e
assim possa decidir logo da sua sorte. O paciente já se encontra encarcerado há
8 longos meses e metido na cada de detenção desta cidade que é um tremendo
matador humano. Solicito dispensa de selos por se tratar de pessoa desvalida e
muito confiando na bondade e na justiça de V. Ex. espera ser atendido.
P.
deferimento.
Moisés Santos Reis Amaral,
Professor há 21 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela
Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em
Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual
Didático do Professor de História, O Nazista e da HQ Histórias do
Cangaço e dos livros Fátima, traços da sua história e O
Embaixador da Paz.
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