Cedido por Jonielton Dantas |
No último dia 26, eu publiquei
aqui no Blog um texto sobre o padre Vicente Martins, que esteve a frente da paróquia
de N.S do Bom Conselho por incríveis 50 anos.
Tal qual exposto, o Padre Vicente foi um personagem que
deixou forte marca na lembrança dos paroquianos de toda a região. Em Fátima, muitos
ainda se lembram do religioso ou cresceram ouvindo falar desse personagem que
faleceu no longínquo ano de 1933, 88 anos atrás.
Logo após a publicação de mais essa história aqui em
nosso Blog História de Fátima, o amigo Jonielton Dantas, nosso
colaborador de longa data, me enviou uma fotografia que, segundo ele, era
guardada por seu pai junto com outros documentos de valor sentimental. A fotografia,
é um panfleto comemorativo ao centenário do padre, um artefato que, por si só,
já é um documento histórico, isto é, mais um tijolo nessa nossa construção
historiográfica.
É importante ressaltar, com efeito, que o pároco da igreja
matriz de Cícero Dantas na época da publicação do folheto (1956) era o Padre
Renato Galvão, que estava no início da sua vida eclesiástica na referida
paróquia. Há, no meu entender, muitas semelhanças entre os dois vigários. Ambos
ocuparam o cargo maior do executivo municipal (O padre Vicente como intendente
e o Padre Renato como prefeito), foram homens de grande carisma e muito ativos
na sociedade local. Isso me faz pensar se a ideia da comemoração do centenário
de Vicente Martins teria sido iniciativa de Renato Galvão. Possivelmente jamais saberemos
disso. Será?
Á título de ilustrar a popularidade do padre Vicente
entre os fatimenses, cito o cuidado com que Seu José Dantas, ou Zé de Cilivero,
como é conhecido, guardou esse folheto. Além
disso, ao receber a foto, eu tomei a iniciativa de coloca-la no texto, como uma
das muitas atualizações que faço aqui sempre que algum amigo/leitor sinaliza. Diante
disso, algumas pessoas, inclusive o ex-prefeito Eduardo Pires, comentaram comigo
acerca do valor de tal imagem.
O folheto comemorativo, contudo, incorre no mesmo equivoco
cometido por Consuelo Novais, na excelente obra "Canudos, Cartas para o Barão". Em
ambos os casos credita-se ao Padre Vicente Martins a construção da Igreja de N.
S do Bom conselho, quando esse feito é do Frei Apolônio de Todi, ainda em 1812
conforme artigo publicado aqui no Blog cujo link segue abaixo.
O engano deve-se a um trecho de carta do Padre ao Barão
de Jeremoabo datada de 22 de janeiro de 1896, onde escreve o vigário:
Comunico a V. Exa. Que no dia
de sábado, 18 do vigente, subiu com muita animação [...] a cumeeira da capela-mor
da Igreja Matriz e é bem provável que até sábado seja a mesma coberta. O povo
ultimamente vai revelando muito gosto: Entendo que, havendo missão, será de
vantagem extraordinária.
Esse trecho, na verdade, revela a descrição de uma
reforma, talvez ampliação da igreja, não a sua construção que, como dito, teve
início 84 anos antes da carta do Padre Vicente endereçada ao Barão.
De toda sorte, esse folheto é um importante registro da nossa
história.
Moisés Santos Reis Amaral,
Professor há 19 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela
Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em
Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe.