O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Documento de compra da fazenda Mundo Novo.

 

No dia 16 de julho de 1857, o produtor José de Souza Quirino procurava a igreja para registrar a compra da propriedade Mundo Novo. Essa área de terra ainda hoje conserva a mesma denominação e nos tempos atuais, apenas a região que vai do fundo da praça Ângelo Lagoa até as imediações do povoado Quirinos, carrega esse nome.

É provável que tenha sido por essa data que o sobrenome “Quirino”, apareceu na região. A propriedade foi comprada ao Capitão Antônio Ferreira e tinha como limites:

 

Que principia na cabeceira da baixa dos tanquinhos, onde chega às terras de Aniceto Rodrigues, rumo direito para a Nascente para o antigo curral falso do mandacaru e daí voltará por cima deste dito alto a Serra do Mocó onde tem um trabalho abaixo da malhada do dito marco por esta serra acima a cabeceira do saco dos Tamburis rumo direito a beira da baixa da Gitirana, daí voltará para onde principia esta demarcação. Sua extensão é de meia légua, pouco mais ou menos.

 

No trecho acima, temos a menção mais antiga que conheço ao termo “Serra do Mocó”. Essa área consiste no acidente geográfico onde estão localizadas as torres de telefonia da cidade. É possível notar também no fragmento acima a menção ao termo “Gitirana”. Essa denominação, que se refere a área a meio caminho do povoado Capim Duro (partindo da sede do município) já era conhecida, mas havia dúvidas se era referente à mesma área citada, o que fica assim confirmado que a Gitirana como a conhecemos já tem esse nome desde, pelo menos, 1857 (167 anos atrás).

 Outro detalhe interessante é que a assinatura do documento foi feita em Paripiranga, mesmo fazendo parte de Bom Conselho (Cícero Dantas). Isso acontecia porque, nesta época, os documentos de registros de terras eram feitas pelos padres e na impossibilidade de ir à Bom Conselho por qualquer razão, fazia-se a escritura em Paripiranga, que na época se chamava patrocínio do Coité.

O vigário que assina, Caetano Dias, foi pároco de Cícero Dantas entre os anos de 1836 e 1883. Ele está sepultado no altar da igreja da cidade, ao lado do seu antigo desafeto político, o Barão de Jeremoabo.

 

Abaixo, segue a transcrição na íntegra do documento:

 

Registro n° 411

O abaixo assinado em cumprimento da lei vem registrar um pedaço de terra que possui no lugar denominado Mundo Novo comprado ao Capitão Antônio Ferreira nesta freguesia de Nossa Senhora do Bom Conselho, cujas demarcações são as seguintes: Mundo Novo, 16 de julho de 1857.

Que principia na cabeceira da baixa dos tanquinhos, onde chega às terras de Aniceto Rodrigues, rumo direito para a Nascente para o antigo curral falso do mandacaru e daí voltará por cima deste dito alto a Serra do Mocó onde tem um trabalho abaixo da malhada do dito marco por esta serra acima a cabeceira do saco dos Tamburis rumo direito a beira da baixa da Gitirana, daí voltará para onde principia esta demarcação. Sua extensão é de meia légua, pouco mais ou menos.

 

José de Souza Quirino

Antônio José das Virgens

 

Foi-me entregue pelo possuidor acima o presente exemplar que depois de conferir-lhe e acha-lo igual e em ordem, registrei com número quatrocentos e onze, recebendo do possuidor acima a quantia de mil e oitocentos e quarenta réis.

 

Patrocínio do Coité, 17 de julho de 1857. O vigário Caetano Dias da Silva 

Um comentário: