Trecho do documento. |
Dando continuidade aos meus
estudos da história do nosso Sertão, examinando documentação primária, tive
acesso ao decreto que autoriza a criação de um dos municípios mais antigos
dessa área do sertão baiano, a cidade de Jeremoabo.
O princípio da povoação da área onde hoje é a cidade de
Jeremoabo é bastante antigo. A sesmaria recebida por Garcia D’ávila que contemplava
toda essa área (Fátima, inclusive) tem suas origens ainda no século XVI, isto é,
antes da separação do Brasil de Portugal.
A elevação do povoamento à categoria de cidade, contudo, é
tardia. De acordo com o decreto emitido pelo governo brasileiro, Jeremoabo só
passou a ser uma cidade no dia 6 de julho de 1925, conforme transcrição que se
segue:
Foi
elevado à categoria de cidade a aprazível vila de Jeremoabo por lei N° 1775, de
6 de julho de 1925. Eis o decreto: O governo do Estado da Bahia, faço saber que
a assembleia geral decreta e eu sanciono a lei seguinte, Art. Único: fica
elevada à categoria de cidade a antiga Vila de Jeremoabo, sede da comarca de
mesmo nome. Revogadas as disposições em contrário. Palácio do governo, 6 de julho
de 1925.
O decreto do governo de Arthur Bernardes, oficializa como
cidade a vila, cuja igreja já tinha na época, mais de 200 anos da sua ereção. Para
se ter uma ideia do quão tardio foi esse processo, a cidade de Cícero Dantas,
que pertenceu a Jeremoabo até 1790, foi emancipada bem antes, em 1875.
Várias são as razões que explicam ou tentam explicar por
que Jeremoabo demorou tanto para ser classificada como cidade, a primeira e
talvez a mais elucidativa delas, talvez sejam as relações políticas, os
movimentos da poderosa família Dantas. É possível que, a conhecida preferência
por parte do Barão de Jeremoabo pelo Bom Conselho, aliado aos movimentos
políticos que fizeram deste o primeiro presidente de câmara daquela localidade,
tenham direcionado as forças políticas da época para Cícero Dantas, dando a
esta uma importância maior.
Se isso for verdade, Jeremoabo acabou ficando em segundo
plano, assim, o povoamento que tornou-se freguesia em 1718 – decreto de 11 de
abril daquele ano – virou vila em 25 de outubro de 1831, só passou a ser cidade
já no período republicano, em 1925, seguindo uma trajetória no mínimo intrigante.
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