O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

segunda-feira, 18 de outubro de 2021

Documento importante sobre Fátima.

 

            Dando seguimento ao tedioso trabalho de leitura dos livros de tombo da paróquia de Cícero Dantas, me deparei com um importante registro feito pelo padre Renato Galvão no longínquo ano de 1956.

            Ávido pesquisador da história da paróquia que chefiava, o Padre Renato fez diversas visitas ao instituto histórico e geográfico da Bahia e teve acesso a importante documentação que utilizou para montar um dossiê histórico do município de Cícero Dantas, além de entrevistas e anotações em seus livros de registro.

            Intitulado “Dados históricos das capelas pertencentes à Freguesia de B. Conselho”, o registro faz um apanhado das principais capelas espalhadas pelo município e inventaria também a história de alguns povoados.

            Entre as capelas registradas está a atual Igreja Matriz de Fátima. Se você acompanha o Blog História de Fátima, vai lembrar que o Pesquisador Juan Kléber Menezes e eu estamos há algum tempo em busca de informações acerca de quem construiu a igreja de Fátima.

            Sobre esta, escreve o Padre:

 

Monte Alverne (Fátima)

Em fevereiro de 1935 realizou-se a primeira feira livre “ajuntamento” em torno da casa comercial de certo Justino, hoje comerciante em Serrinha. M. Juvenal Guimarães celebrou ali e fez junto de desobriga. Os seus sucessores continuaram. Em 1940, M. Justiniano fez ali primeira missão dos padres clarentianos – M. Mariano e M. Vitorino. Em 1945 existia a capela sem imagens e semicoberta.

 

            A partir do trecho acima, podemos depreender que a capela já estava erguida – semicoberta, nas palavras do religioso - em 1945, o que ainda nos deixa sem a devida resposta tão procurada. Uma análise mais atenta, especificamente no trecho que cita: “Em fevereiro de 1935 realizou-se a primeira feira livre “ajuntamento” em torno da casa comercial de certo Justino, hoje comerciante em Serrinha” dá a entender que as informações levantadas foram fruto de entrevistas com moradores mais antigos, visto que o fato de citar “Um certo Justino” provavelmente significa que o padre não conheceu o personagem citado (Justino), mas ouviu isso de alguém, naturalmente durante as supostas entrevistas.

            Mais adiante, o vigário cita ainda a construção do Poço Municipal (A Bomba), por iniciativa dele próprio e de um tanque municipal. Sobre esse último, as informações são vagas e não temos como saber o local da construção.

            Outro importante registro nos traz a informação de quando Monte Alverne passou a se chamar Fátima. Sobre isso, escreve:

 

Recebeu o nome de Monte Alverne e na criação do distrito por nossa iniciativa passou a chamar-se Fátima. Foi Feirinha, Monte Alegre, Feira do Mocó, Monte Alverne e hoje, por decreto da criação do município, Fátima.

 

            É possível observar que, de acordo com o Padre Renato, ele próprio sugeriu o nome Fátima e cuidou para que o decreto municipal dessa legitimidade ao novo nome do povoado. Quanto ao ano de tal mudança, as informações também são vagas. O padre escreve o relato acima em 1956, mas não cita o ano da mudança. Cenas dos próximos capítulos.


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