O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

terça-feira, 19 de outubro de 2021

A Construção da Bomba.

 

Poço Municipal -Anos 1980 - Foro: Juan K. Menezes

A Bomba, é como o fatimense conhece o poço municipal, inaugurado em 4 de outubro de 1960, esse poço trouxe segurança hídrica para a pacata vila de Fátima da época.

            Mas a construção do poço passou por várias fases, cuidadosamente relatada pelo padre Renato Galvão no livro de tombo da igreja de Cícero Dantas.

            De acordo com o Vigário, uma perfuratriz foi conseguida junto ao DENOCS em 1954 por iniciativa dele mesmo. A maquina teria vindo até Vila de Fátima com a ajuda inicial da prefeitura de Cícero Dantas e feito diversas perfurações, algumas delas com mais de 120 metros de profundidade e não encontrou água. Lei o relato do Padre:

 

Por iniciativa do Vigário, Padre Renato Galvão foi conseguida uma perfuratriz do DNOCS para a sede do distrito de Fátima (Monte Alverne). Não pequeno sacrifício foi sugerido desde 1915. Várias pesquisas foram feitas e todas com resultados negativos. Em 1954, ainda por nossa iniciativa, o ministro José Américo de Almeida mandou perfurar em i pontos desta sede paroquial. Atingiu-se a profundidade de 120 metros e foi encontrada apenas um insignificante lençol de infiltração.

 

            O trecho “Não pequeno sacrifício foi sugerido desde 1915”. Nos dá a ideia do tamanho da vontade da população local em ter um poço que vertesse água nessa seca região, de modo que o fracasso em conseguir a perfuração correta em 1954 deve ter sido um duro golpe para o fatimense.

            A insistência do vigário parece ter sido mesmo o ponto de virada na saga do poço. Sobre isso ele escreve:

 

Monte Alverne foi mais feliz e ninguém mais acreditava mais na possibilidade de se encontrar algum lençol abundante e permanente. A prefeitura negou-se a conceder mais o auxílio do transporte da máquina, tivemos que fornecer oito mil cruzeiros, além do fornecimento de operários.

 

            Note que, de acordo com o exposto, até mesmo a prefeitura de Cícero Dantas, na época sobre a administração de João Batista de Andrade Souza (1955-1958) desistiu de ajudar na obra e o próprio padre teve que custear o transporte da máquina e os operários.

 

            A insistência, contudo, deu resultado, pois “no dia 26 de agosto de 1956 a perfuratriz, depois de superar uma camada forte de granito duro com 50 metros de profundidade atingiu um grande e rico lençol de água cristalina e potável avaliada em 6 mil litros diários”.

            Houve entusiasmada festa em Vila de Fátima com foguetes e badalar de sinos para comemorar a chegada da água, ao saber da notícia, o padre apressou-se em vir visitar a obra:

 

Visitamos o local no mesmo dia e constatamos a veracidade dos fatos que o povo recebeu com regozijo público através de foguetes e repiques de sinos. Pela primeira vez, Deus louvado, um poço tubular é construído nesta terra.

 

            No dia 2 de setembro de 1956 o poço foi bento e recebeu o nome de “Fonte de São Francisco”. O nome de batismo do Poço caiu no esquecimento do fatimense, mas o benefício desse para a população local permanece até os dias de hoje. Em 1956 ainda não havia luz elétrica em Fátima, por isso, um catavento foi instalado e provavelmente funcionou até 1964, ano da instalação do motor a diesel que gerava energia para a vila.

            A Bomba foi inaugurada oficialmente no dia 4 de outubro de 1960, na cerimônia, que teve discurso lido pela jovem fatimense Vanilda dos Reis, contou com a presença do Padre e de outras autoridades políticas.

 

Moisés Santos Reis Amaral, Professor há 19 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe.


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