Poço Municipal -Anos 1980 - Foro: Juan K. Menezes |
A Bomba, é como o fatimense
conhece o poço municipal, inaugurado em 4 de outubro de 1960, esse poço trouxe
segurança hídrica para a pacata vila de Fátima da época.
Mas a construção do poço passou por várias fases,
cuidadosamente relatada pelo padre Renato Galvão no livro de tombo da igreja de
Cícero Dantas.
De acordo com o Vigário, uma perfuratriz foi conseguida
junto ao DENOCS em 1954 por iniciativa dele mesmo. A maquina teria vindo até Vila
de Fátima com a ajuda inicial da prefeitura de Cícero Dantas e feito diversas
perfurações, algumas delas com mais de 120 metros de profundidade e não
encontrou água. Lei o relato do Padre:
Por iniciativa do Vigário,
Padre Renato Galvão foi conseguida uma perfuratriz do DNOCS para a sede do distrito
de Fátima (Monte Alverne). Não pequeno sacrifício foi sugerido desde 1915. Várias
pesquisas foram feitas e todas com resultados negativos. Em 1954, ainda por
nossa iniciativa, o ministro José Américo de Almeida mandou perfurar em i
pontos desta sede paroquial. Atingiu-se a profundidade de 120 metros e foi
encontrada apenas um insignificante lençol de infiltração.
O trecho “Não pequeno sacrifício foi sugerido desde
1915”. Nos dá a ideia do tamanho da vontade da população local em ter um
poço que vertesse água nessa seca região, de modo que o fracasso em conseguir a
perfuração correta em 1954 deve ter sido um duro golpe para o fatimense.
A insistência do vigário parece ter sido mesmo o ponto de
virada na saga do poço. Sobre isso ele escreve:
Monte Alverne foi mais feliz e
ninguém mais acreditava mais na possibilidade de se encontrar algum lençol abundante
e permanente. A prefeitura negou-se a conceder mais o auxílio do transporte da
máquina, tivemos que fornecer oito mil cruzeiros, além do fornecimento de
operários.
Note que, de acordo com o exposto, até mesmo a prefeitura de Cícero Dantas, na época sobre a administração de João Batista de Andrade Souza (1955-1958) desistiu de ajudar na obra e o próprio padre teve que custear o transporte da máquina e os operários.
A insistência, contudo, deu resultado, pois “no dia 26 de
agosto de 1956 a perfuratriz, depois de superar uma camada forte de granito
duro com 50 metros de profundidade atingiu um grande e rico lençol de água cristalina
e potável avaliada em 6 mil litros diários”.
Houve entusiasmada festa em Vila de Fátima com foguetes e
badalar de sinos para comemorar a chegada da água, ao saber da notícia, o padre
apressou-se em vir visitar a obra:
Visitamos o local no mesmo dia
e constatamos a veracidade dos fatos que o povo recebeu com regozijo público
através de foguetes e repiques de sinos. Pela primeira vez, Deus louvado, um
poço tubular é construído nesta terra.
No dia 2 de setembro de 1956 o poço foi bento e recebeu o
nome de “Fonte de São Francisco”. O nome de batismo do Poço caiu no
esquecimento do fatimense, mas o benefício desse para a população local
permanece até os dias de hoje. Em 1956 ainda não havia luz elétrica em Fátima,
por isso, um catavento foi instalado e provavelmente funcionou até 1964, ano da
instalação do motor a diesel que gerava energia para a vila.
A Bomba foi inaugurada oficialmente no dia 4 de outubro
de 1960, na cerimônia, que teve discurso lido pela jovem fatimense Vanilda dos
Reis, contou com a presença do Padre e de outras autoridades políticas.
Moisés Santos Reis Amaral,
Professor há 19 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela
Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em
Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe.
Mais uma parte da rica história de Fátima. Parabéns pelo trabalho minucioso que vem fazendo.
ResponderExcluirMuito obrigado, amigo.
ResponderExcluir👍👍
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