Como
já abordado amplamente pelo Blog História de Fátima, os rios Vaza
Barris e Real foram os primeiros caminhos percorridos pelos
colonos pioneiros nessa parte do sertão.
Dito
isso, é preciso salientar, com a finalidade de dirimir algumas dúvidas muito
recorrente nesse tema, que essa região do Sertão (Atualmente semiárido nordeste
II) e adjacências, ao contrário do litoral, foi colonizadas, inicialmente, por
brasileiros, não por Portugueses. Cidadãos de origem portuguesa até vieram para
áreas próximas, mas posteriormente aos primeiros povoamentos, como é o caso de Manoel
Américo de Souza Velho, português chegado à Vila de Massacará, próximo ao Curralinho
(Atualmente, município de Euclides da Cunha) na fronteira com Cícero Dantas, em
1737 e que possuiu terras na antiga fazenda Boqueirão, também no atual
município de Cícero Dantas.
Mas,
voltando a falar das estradas, elas foram abertas pela passagem dos animais
(bois, cavalos e mulas) que abriam picadas em meio à caatinga conduzidos pelos
primeiros vaqueiros (índios, negros libertos ou cativos e mestiços) em busca de
pastagens e fundando fazendas em toda essa região.
O
modus operante dos vaqueiros da Casa da Torre era sistemático. Ao encontrar
uma área promissora, abria-se espaço para a construção de uma moradia para os
vaqueiros e, posteriormente, buscava-se madeira boa para o curral. Nesse momento,
o colono que passaria a viver ali tinha o apoio de um grupo de vaqueiros que
operavam como semeadores de gente por esse sertão. Esses, preparavam a nova
habitação e uma vez certificado que a nova fazenda seria minimamente autossuficiente
retornavam ao litoral (na atual Praia do Forte) para iniciar o processo com
outra família de aventureiros dispostos a encarar o clima do sertão. Antes de
partir, contudo, na nova fazenda, deixa-se algumas rezes, o suficiente para
iniciar um novo rebando, alguns burros, cavalos e jumentos e sementes para o
plantio. Estava fundado assim mais uma fazenda de gado.
Esse
processo de entrada no sertão e retorno ao litoral, repetido ao longo de muitos
e muitos anos, foi originando as estradas que, posteriormente, passaram a se
chamar de Estrada Real, em alusão ao soberano entronado. Esses caminhos
permitiram o avanço da colonização em direção ao interior e o aumento da
população pelos sertões, tudo ligado à cultura do gado vacum.
A
estrada real que passava por Fátima era uma ramificação que ligava o litoral
sergipano, Paripiranga, Adustina, Fátima e Cícero Dantas. Daí se conectava à
antiguíssima estrada Jeremoabo/ Bom Conselho que era parte do caminho dos
vaqueiros que partiam de Salvador em direção ao Rio São Francisco.
Nesse
percurso, aldeamentos eram formados em lugares estratégicos (a presença de água
sempre foi um fator muito importante). Onde identificava-se a presença de
indígenas os missionários (nessa área, Jesuítas e Capuchinhos) assumiam a catequização.
Ali erguiam uma capela, em torno da qual formava-se uma freguesia.
Moisés Santos Reis Amaral,
Professor há 19 anos do Município de Fátima, Licenciado em História pela
Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira, Mestre em
Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe.
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