Nesses nossos tempos, ir ao
cinema é algo quase démodé na concepção da nossa juventude, talvez por falta de
espaços com essa finalidade e/ou em decorrência do advento de plataformas
on-line que oferecem um extenso catálogo de filmes e séries. Ao que parece, tudo
isso foi minando a hábito de frequentar salas de cinema.
O cinema é um fruto do século XIX, para os fatimenses,
essa “novidade” chega ainda nos anos 1980, quando projetores errantes e rolos
de filmes paravam sazonalmente na então Vila de Fátima para a apresentação de
filmes de diversos gêneros.
Em conversa com José Bomfim Andrade, testemunha ocular
daqueles acontecimentos, foi possível traçar um panorama dos eventos em torno
da introdução do cinema na sociedade fatimense.
Onde hoje funciona o supermercado Nossa Senhora de
Fátima, funcionava o Cine Jangada.
Nome pitoresco dado pelos jovens da época à sala de cinema improvisada tocada por
um sisudo senhor de nome Manoel, ávido pela aguardente Jangada, daí o nome popular da sua sala.
Seu Manoel Jangada,
como era conhecido, era natural de Ribeira do Pombal e ganhava a vida “passando
filmes” pela região, de acordo com Dárcio, figura que, como veremos adiante,
faz parte desse aspecto interessante da história de Fátima, ele atuava em
Fátima, Adustina, Antas e diversas outras cidades e vilas da região.
Dárcio era um garoto na época e ganhava uns trocados
girando o velho projetor de filmes. Para que aqueles mais jovens possam compreender,
o projetor era uma engenhoca mecânica onde o rolo de filme era acoplado e
necessitava que alguém girasse a manivela que ia rodando o filme e projetando-o
na parede para os espectadores.
Ainda nos anos 1980, Seu Manoel do 14, criou o Cine 14, que ficava nas proximidades de
onde hoje funciona a Panificadora Valentina. De acordo com José Bomfim, aquela
região era o que comumente se chamava de “ponta de rua”, isto é, era uma área
afastada do então centro da vila, localizada em área sem muitas construções e
com esgoto a céu aberto.
Quando eu era criança, já nos anos 1990, lembro de ter
assistido a uma das últimas cessões do Cine 14, que já funcionava onde é o
conhecido Bar 14. Dárcio, que com o
passar do tempo tornou-se prático na arte de girar o projetor ainda trabalhava
no Cine 14.
Naquela oportunidade, assistimos a um filme dos
trapalhões e enquanto dávamos gargalhadas com as peripécias do quarteto
trapalhão, um ou outro espectador mais travesso erguia a mão no meio da sala de
cinema e, como o projetor ficava nos fundos, projetando o filme na parede da
frente, a mão do atrevido aparecia como um sombra no meio da tela, o que gerava
desaforados xingamentos para o indivíduo.
Em 8 de julho de 1896, os primeiros filmes foram exibidos
no Brasil, na Rua do ouvidor, no Rio de Janeiro. Levaria mais de 80 anos até que
a chamada sétima arte fosse
apresentada ao povo da pacata Vila de Fátima. Aqueles eventos ainda estão
gravados na mente das testemunhas oculares e formam mais uma das facetas da
nossa história.
Muito interessante amei a história do cinema de Fatima
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