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Luiz Viana Filho, Ex-Governador da Bahia. Fonte: Google Imagens. |
Nos anos 1950, “Monte Alverne”
era como se chamava o pequeno povoamento que, futuramente, se tornaria a cidade
de Fátima. Como é de conhecimento de todos os seus habitantes, a seca,
infelizmente, é uma realidade com a qual, de tempos em tempos, o povo dessa
nossa terra precisa lidar.
Felizmente, nos dias atuais, existem políticas de combate
à seca que amenizam bastante o sofrimento do nosso povo. Certamente, ainda faltam
ações mais efetivas de combate a esse flagelo que a natureza nos imprime, mas
ações como água encanada, carros pipas, açudagem, programas de financiamento
para a agricultura familiar e demais atos de assistência social que temos hoje
atenuam os efeitos nefastos da seca.
Na década de 1950, contudo, as políticas sociais de combate
à seca deixavam muito a desejar e o sofrimento do povo dessa região era
infinitamente maior. Um personagem de grande valia para a população mais pobre
por essas bandas, certamente, era o Padre Renato Galvão. Diversas cartas
publicadas no acervo do “Corpus
Eletrônico, Documentos do Sertão” registram a luta do vigário, ex-prefeito
de Cícero Dantas, para, literalmente, salvar vidas das severas secas.
Em carta endereçada ao Deputado Estadual João da costa
Pinto Dantas Júnior, datada de 7 de setembro de 1955, o vigário apela ao chefe
político local, a intercessão do parlamentar junto ao então governador da Bahia,
Luiz Viana, em nome do então povoamento de Monte Alverne que sofria com os
efeitos hediondos da seca daquele ano.
Embora o ano de 1955 seja marcado na história de Fátima
com o andamento das obras da Ferrovia Salgado/Paulo Afonso, o que certamente
impulsionou a economia da região, as consequências da seca daquele ano atingiam
de forma desumana a população local que, de acordo com os relatos do Padre
Renato, não possuíam água para beber e haviam perdido a lavoura e a criação, muitos
precisavam se alimentar de farelo resultante da moagem do tronco do Licurizeiro.
Na oportunidade, escreveu o padre ao Deputado:
Peço
a sua valiosa interferência junto ao Dr. Viana a respeito do Distrito de Monte
Alverne, cuja população não tem mais água.
O apelo feito especificamente em nome do povo de Monte
Alverne, aponta uma identificação já bem conhecida que o religioso tinha com os
nossos antepassados. Esse pedido, provavelmente, foi devidamente encaminhado ao
governador e resultou na construção do Poço Municipal, “a Bomba”, como é
popularmente conhecida e que ainda hoje existe na praça da igreja matriz. O
poço que seria inaugurado 5 anos após o envio da carta (1960) ainda serve ao
povo fatimense.
A relação
do Padre Renato com o Dr. Dantas, como o deputado era conhecido, foi muito
duradoura e proveitosa para o povo que vivia na área de influência do Padre. As
centenas de cartas trocadas entre os dois dão conta de uma relação amistosa
entre o político e o religioso.
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