O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

terça-feira, 29 de abril de 2025

Escravidão no sertão. O Fundo de Emancipação Nacional em Cícero Dantas, Bahia.

 


Criado no âmbito da Lei do Ventre Livre em 1871, o Fundo de Emancipação Nacional foi mais um aspecto da política abolicionista, um instrumento financeiro que visava financiar a alforria de cativos e dar suporte a libertos nos primeiros anos de emancipação.

          A lei 2040, previa a compra da liberdade de escravizados financiados pelo próprio Estado Imperial. Os recursos eram oriundos de impostos como o do açúcar e liberados em forma de cotas para os municípios brasileiros. Esse dinheiro, uma vez destinado a cada município ou vila, era pago aos proprietários dos cativos selecionados para receber a carta de alforria.

          A seleção desses homens e mulheres para receber a tão sonhada liberdade, era feita por junta de classificação municipal, composta pelo promotor público, do coletor e pelo presidente da câmara local.

          Infelizmente, existem inúmeros relatos de favorecimentos de partidários políticos, familiares e amigos dos integrantes das juntas de classificação, até mesmo de superfaturamento nos preços das alforrias, o que não elimina os benefícios dessa política pública nos anos derradeiros da escravidão.

          De acordo com o relatório de presidente de província da Bahia de 1887, um ano antes da promulgação da Lei Áurea, o município de Bom Conselho (atual Cícero Dantas) teve um total de 22 libertos pelas cotas do Fundo. Os custos para os cofres públicos para a província da Bahia nesse ano superaram os 142 mil Réis. Dessa quantia, 13 mil e 170 Réis foram destinados à Cícero Dantas.

          Em algumas localidades da Bahia, a cerimônia de entrega das alforrias aos escravizados tomavam ares festivos, chegando-se até a festividades com ornamentação dos prédios das câmaras, fogos de artifícios e música para celebrar a libertação. Essas festividades serviam como instrumento de pressão para a finalização definitiva da escravidão no Brasil.

          O relatório em questão é assinado pelo então presidente da província da Bahia, o político pernambucanos Theodoro Machado Freire Pereira da Silva, que ocupou o cargo entre os anos de 1885 e 1887.

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