O foco desse blog é a pesquisa da história do Sertão baiano.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

Ângelo Lagoa segundo a IA

Imagem gerada por IA

Essa é a imagem de Ângelo Lagoa, criada pela Inteligência artificial.

Ângelo José de Souza, nasceu em 1868 e faleceu em meados dos anos 1950, é desconhecida qualquer fotografia sua. Casado com Porfíria Maria de Jesus, Ângelo Lagoa é considerado o fundador da cidade por que no entorno da sua casa iniciou o arruado que viria a se tornar Fátima. O casal teve 15 filhos, todos nascidos na Praça Ângelo Lagoa, muitos deles, ainda no século XIX, como Emília Maria, nascida em 1894, antes da Guerra de Canudos. A descoberta dessas dados, permite inferir que Ângelo construiu a primeira casa na atual praça por volta de 1885


 

terça-feira, 8 de abril de 2025

Sergipe e Bahia disputam território no sertão


Desde o período colonial, acalorados debates são travados na definição dos territórios que pertencem a um e ao outro estado e, a bem da verdade, essa história ainda rende comentários, haja vista que, mesmo nos dias atuais, a linha fronteiriça entre Bahia e Sergipe ainda é contestada.

          Em 2017, autoridades dos dois estados abriram discursão acerca do tracejo da fronteira. Entendendo que áreas de municípios como Fátima, Bahia e Poço Verde, Sergipe (para ficar apenas em um exemplo), precisavam ser revistas. No caso citado, Sergipe alega que parte dos territórios do Bomfim e Riacho das Pedras, pertenceriam, por direito, ao município de Poço Verde e, por consequência, ao estado sergipano.

          Essa definição é muito complexa devido a ausência de precisão em tratados antigos. Documentos do século XIX, por exemplo, colocam a Serra do Capitão como área limítrofe entre os municípios de Cícero Dantas e Sergipe, colocando Paripiranga como pertencente àquele estado.

          Outro capítulo dessa história ocorreu em primeiro de abril de 1827, quando a câmara municipal de Itapicuru, escreve a D. Pedro I.  Na oportunidade, a elite local se mostrava indignada com a proposta da província de Sergipe de estender o seu território até as margens do rio Itapicuru. Se essa proposta tivesse sido acatada, toda a área que envolve a margem esquerda do Itapicuru até o São Francisco seria passada a Sergipe, mais que dobrando o seu tamanho atual.

          Com essa demarcação, as fronteiras sergipanas abarcariam municípios como Macururé, Campo Formoso, Curaçá, Rio Real, Ribeira do Amparo, Ribeira do Pombal, Tucano, Euclides da Cunha, Paulo Afonso, Glória, Jeremoabo, Fátima, Adustina, Cícero Dantas, Paripiranga e muitos outros.

          Essa novela, contudo, não se encerraria por aí. Segundo Carregosa (2019), em finais do século XIX e início do século XX, houve um fortalecimento dos interesses sergipanos nesta região com a chegada do padre João de Matos Freire de Carvalho, natural do vizinho município sergipano de Simão Dias, à paróquia de Patrocínio de Coité (Paripiranga). As ações do vigário em favor da anexação desta área em litígio por Sergipe foram significativas. Segundo este autor, a partir de 1904, o religioso fez um estudo no Instituto Histórico Geográfico do Estado de Sergipe (IHGS) que culminou em um manifesto publicado em 14 de setembro de 1904 em Paripiranga em favor da anexação. “O vigário teria feito viagem pelo sertão com binóculo, mapa e documentos históricos dos verdadeiros limites” (CARREGOSA, 2019, P. 152).    

A Viagem a que o autor se refere é uma visita feita pelo padre João de Matos à Serra do Capitão, localizada no atual município de Adustina, este também integrante da zona de contestação explicitada no mapa, em 22 de dezembro de 1904. Na oportunidade, o vigário se convenceu de que essas terras deveriam pertencer geograficamente à Sergipe.

A atuação do padre, de acordo com Carregosa, provocou o protesto das lideranças locais que não estavam interessadas nos resultados oriundos deste litígio. Tendo o intendente de Patrocício do Coité à época, Joaquim de Matos, e representantes do poder legislativo municipal, encaminhado um manifesto ao governador da Bahia, José Marcelino, comunicando a intenção das autoridades políticas de Paripiranga de permanecer habitantes do estado da Bahia. O decreto foi encaminhado pelo governador para publicação em diário oficial na edição de 20 de novembro de 1904.

O referido autor nos conta ainda que, em 1913, quando inicia-se as discussões para o desmembramento do município de Coité do vizinho Anápolis (atual Simão Dias), a situação toma proporções maiores e mais graves. Na época, militares sergipanos chegaram a ocupar áreas do território baiano, levando o intendente do Coité a telegrafar para o então governador da Bahia J.J Seabra em 6 de janeiro de 1914.

A notícia da ocupação sergipana enfureceu a cúpula do poder político baiano incluindo o então senador Ruy Barbosa que protestou com veemência acerca da atitude sergipana. O governador Seabra reagiu e o conflito foi provavelmente evitado nos bastidores da política sob a tutela da forte influência baiana no Rio de janeiro. Quando os cinquenta praças da polícia baiana chegaram à Paripiranga, as tropas de Sergipe já haviam se retirado.

O governo Seabra, envia então um emissário para a região, Braz do Amaral, fez meticulosa análise da situação local, reunindo-se com políticos de ambos os lados entre 1913 e 1914 e concluindo que a Bahia precisava “cuidar melhor da região” para evitar novas investidas do estado vizinho. O conflito, no entanto, foi definitivamente encerrado por Getúlio Vargas que decidiu a questão em favor da Bahia como uma espécie de agradecimento pelo envio de tropas baianas para combater ao lado do governo federal na guerra de 1932 contra os paulistas.

          Braz do Amaral foi um personagem importante nessas disputas. Trabalhando para o governo Seabra, o médico fez viagens ao Rio de Janeiro nos anos 1920 para visitar arquivos e produziu um relatório que veio a legitimar grandes áreas de terras em litígio favorecendo a Bahia.


Moisés Reis, Professor há 24 anos do município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com especialização em História e Cultura Afro-brasileira pela UNIASSELVI, Mestre em Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual Didático do Professor de História - O Nazista - Fátima: Traços da sua Histórias - O Embaixador da Paz - Maria Preta: Escravismo no sertão baiano – Últimos Cangaceiros, Justiça, prisão e liberdade - da HQ Histórias do Cangaço e do documentário Identidade Fatimense.



 

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