Corisco. |
A
Fazenda Barriguda é hoje parte da sede do município de Fátima, fica próximo ao
Pisa Macio e faz fronteira com a Maria Preta. No século XIX, essa propriedade
foi adquirida pela família Dantas, em 1856, ela aparece registrada em nome de
João Dantas dos Reis, pai do Barão de Jeremoabo.
A propriedade foi herdade pelo Barão e após a sua morte, em
27 de outubro de 1903, passou ao seu filho mais velho que ficou com essa fazenda
e mais 34 propriedades no sertão baiano.
Quando o cangaço passa a ser uma dura realidade para a
Bahia, a partir do final de 1928, quando Lampião e sete dos seus homens cruzam
o São Francisco e passam a atuar mais ativamente em território baiano, João da
Costa Pinto Dantas era o maior proprietário de terras da região e como tal, foi
assediado por cangaceiros que tentavam extorquir dinheiro do rico fazendeiro.
João da Costa Pinto Dantas. |
Uma das formas clássicas de extorsão
por parte dos cangaceiros era o envio de bilhetes com um linguajar rústico,
dotado de ameaças sutis ao destinatário. Foi o que Cristino Gomes da Silva
Cleto (Corisco) em 1932, quando, de local ignorado, envia a João Dantas a
seguinte correspondência, transcrita por André Dantas, descendente do barão:
Ilmo Exmo Sr Dotor joão da Costa pinto dantas u fim desta carta
he somente pedir A Vx que mi mande a cantia de 5$000000 Cinco Conto de Reis se
o Sr não ignora porquei não possoo trabalha .................. sustentar meus
rapazes se o governo não me deixa trabalha portanto peço mi mande como Sem
falta espero resposta tão logo que Receba eu procuro para a fazenda Barriguda
Sem
mais nada
Cristino
Gomes da Silva
Vulgo
Curisco
Para nós, fatimenses, a novidade neste bilhete está em sua
parte final, que tem a finalidade de combinar com o destinatário, o local de
entrega do dinheiro solicitado pelo bandido Corisco. Como se pode observar no
texto, Corisco combina a entrega na Fazenda Barriguda, o que demonstra que ele
e seu grupo se encontrava nas proximidades.
Esse documento, com efeito, é a primeira evidência clara da
presença do Diabo Loiro, segundo homem na hierarquia do cangaço, em terras
Fatimenses. Essas informações, como dito, foram retiradas do processo movido
pelos advogados de João da Costa Pinto Dantas contra Lampião. Esse documento me
foi gentilmente enviado pelo amigo Robério Santos.
Moisés Reis, Professor há 24
anos do município de Fátima, Licenciado em História pela Uniages com
especialização em História e Cultura Afro-brasileira pela UNIASSELVI, Mestre em
Ensino de História pela Universidade Federal de Sergipe. Autor das obras: Manual
Didático do Professor de História - O Nazista - Fátima: Traços da
sua Histórias - O Embaixador da Paz - Maria Preta: Escravismo no
sertão baiano – Últimos Cangaceiros, Justiça, prisão e liberdade - da HQ
Histórias do Cangaço e do documentário Identidade Fatimense.
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