No último domingo, 2 de
janeiro de 2025, Fátima foi palco de uma genuína manifestação cultural que
marcou a despedida do mais famoso vaqueiro da cidade. Enquanto vivo, Pedro
Correia de Andrade, ou simplesmente Correinha da Zabumba, com era conhecido,
dedicou sua vida às expressões da cultura do gado.
Descendente de antigos vaqueiros e criadores de gado,
Correinha, estava sempre acompanhado de algo que demonstrasse o seu apreço a
essa arte. Assim, organizou inúmeras missas de vaqueiro, com aboiadores,
zabumbas e flautas que soavam ao som do pífano.
Já na velhice, escreveu cartas e deixou bem claro aos
familiares que não queria tristeza em seu velório, recomendou que chamassem
cantadores de forró, aboiadores e que em sua despedida houvesse festa.
Quem já precisou enterrar um ente querido pode imaginar o
sacrifício que foi para os familiares que, mesmo enlutados, precisaram cumprir
com esse último compromisso, mesmo chorosos, os filhos e filhas, netos e demais
parentes fizeram valer a última vontade de Correinha.
Seu
sepultamento refletiu o que foi a sua vida, a cidade encheu-se de uma estranha
alegria com a presença de carros de boi, vaqueiros montados e trajados coma clássica
indumentária, ouviu-se o som inconfundível do berrante de sua filha Marlene, o
foguetório insistente, o forró cantado em carros de som que anunciavam o
momento singular.
Não se
esperava menos do dia em que Fátima teria que se despedir de Correinha, sua
família fez valer a personalidade irreverente e única do velho vaqueiro que
agora descansa em paz ao lado da sua esposa Nininha. Seu repouso, contudo, não
foi no tradicional cemitério dos Correias na Lagoa da Volta, localidade
habitada pela família a quase duzentos anos. Questões familiares que não nos
cabem discussão impediram esse final.
Toda a
família e a comunidade fatimense se despediu do corpo físico de Correinha neste
domingo, mas o seu legado e a memória que deixou pra traz continuará povoando o
imaginário popular, suas histórias engraçadas continuarão a ser contadas e a
tradição já segue adiante com suas filhas e netas.
As gerações futuras certamente contarão histórias sobre o
dia em que a cidade parou para ver um sepultamento diferente de tudo o que já
se viu, diferente como foi a vida do seu personagem principal.
Nenhum comentário:
Postar um comentário