Entre a cruz e o fuzil: povoamento, poder e violência no Semiárido Nordeste II

Imagem: https://br.pinterest.com/pin/577727458418599866/ Em meados do século XIX, o regime de sesmarias ainda regia a relação do homem comum com a terra no Brasil. Nesse sistema, herdado do período colonial, o Estado português concedia o direito de posse a quem se comprometesse a ocupar e produzir. Na prática, apenas a Coroa era a proprietária efetiva: os ocupantes eram posseiros e deviam forro à monarquia. Com a independência, em 1822, esse regime entrou em crise. Somava-se a isso a decadência de antigas casas senhoriais, como a Casa da Torre, que perderam parte de sua influência no interior nordestino. Nesse contexto, a promulgação da Lei de Terras (1850) redefiniu a relação com o solo: a terra transformou-se em mercadoria, acessível apenas mediante compra. O objetivo era claro — excluir imigrantes pobres e ex-escravos do acesso à terra, reservando-a às elites endinheiradas e consolidando ainda mais as desigualdades sociais. No sertão fronteiriço da Bahia com Sergipe, ...