Após a
implantação da Lei de terras, que obrigava os posseiros a registrar e pagar
pelos registros de terras no Brasil, uma verdadeira romaria se verifica em toda
essa região.
A razão para isso é que, antes da dita lei, todos os
ocupantes de terras no Brasil não eram necessariamente donos, tinham apenas o
direito concedido pelo império de nela trabalhar.
Com a vigência da lei de terras (18 de setembro de 1850),
todos os posseiros tiveram que buscar a regularização das propriedades, o que
levou a uma procura muito grande pelos padres da região, uma vez que os
registros só poderiam ser feitos pela igreja, maior representante do estado nos
sertões.
O vigário de Cícero Dantas, Caetano Dias da Silva (Hoje
sepultado no altar da igreja de Nosso Senhora do Bom Conselho) foi o
responsável pelo registro de um sem-número de fazendas e fazendolas em toda a
região.
Na matriz do Bom Conselho ou de Patrocínio do Coité (atual
Paripiranga), o vigário era requisitado para os trâmites de registros, que
consistiam quase que exclusivamente na boa fé depositada nos registrantes, isso
porque, para registrar uma terra na época, era necessário simplesmente procurar
o vigário mais próximo, relatar a compra de uma propriedade, o valor pago e a
quem pagou e descrever a área, delimitando os marcos naturais ou artificiais que
marcavam as fronteiras da propriedade em questão.
Assim, no dia 21 de abril de 1859, o vigário Caetano Dias recebe
em Cícero Dantas João José Leite, empregado de João Dantas dos Reis, avô do
Barão de Jeremoabo, para registrar as fazendas Lages e Tabuleiro, registro que
custou aos Dantas dois mil e quinhentos réis.
Na descrição dos limites das fazendas, um marco natural chama
a atenção para quem é de Fátima e região, isso porquê, a fazenda Tabuleiro
iniciava, segundo o registrante, na “Serra do Monte Negro” e descia na direção
dos tabuleiros das Queimadas.
Trocando em miúdos, a dita Serra do Montenegro, é a elevação
onde hoje se encontra o povoado Monte Negro e a fazenda iniciava ali e rumava na
direção do município vizinho de Adustina. Era uma propriedade de 3 léguas de
extensão, isto é, cerca de 18 km.
Além da enormidade da extensão das fazendas, chama a
atenção o fato de o povoado Monte Negro ser assim chamado em razão de ter
herdado o nome do acidente geográfico no qual está fincado, nome esse, dado ainda
pelo colonizador a fim de se situar na vasta paisagem sertaneja.