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terça-feira, 22 de julho de 2025

ASSOMBRAÇÃO DA MARIA PRETA

 

A área onde existia a antiga fazenda Maria Preta carrega há muito tempo uma aura pesada, uma sensação de que algo de muito ruim aconteceu ali. Desde tempos imemoriais que as pessoas relatam visões inexplicáveis, sensações estranhas ao passar por determinados trechos da estrada que liga a região do João Barbosa e a zona urbana do município, sobretudo nas imediações do Pisa-macio.

          Entre sensações estranhas e visões inexplicáveis, existem relatos de avistamentos de pessoas ou animais que desaparecem misteriosamente, causando pavor em algumas pessoas. Quando eu era criança, sempre evitava andar por aquela região de tanto ouvir falar de assombrações.

          Assombrações, “malassombros”, “paracé”, alma pena. Muitas são as denominações, muitas são as formas que o sertanejo tem de se referia ao inexplicável.

          O meu blog fala de história e tomando a história como uma ciência, é necessário cautela ao tratar de certos assuntos. Não existem evidências científicas da vida após a morte ou mesmo de pessoas que voltam de outro plano para nos assombrar.

          Dito isso, é necessário que se compreenda (além das questões de fé), que o simples fato de existir nessa região específica uma “atmosfera ruim”, me desperta o interesse de conhecer as razões para esse fenômeno.

          Conhecendo o passado daquele torrão, algumas questões me parecem importantes para se pensar acerca do caso. A principal problemática que me surge é o fato de ali ter sido um local de sofrimento para as pobres criaturas expostas às agruras da escravidão. Os escravizados de Severo Correia sofreram, naquele mesmo espaço territorial, as chibatadas embaixo do Pé de Caixão, o desrespeito dos sepultamentos sem qualquer liturgia e uma gama de situações absolutamente cruéis.

          O que é comum ouvir de algumas pessoas que conhecem a história e que habitam aquela região há muitos anos, é a associação entre as ditas assombrações e as mazelas dos escravos da Maria Preta, como se tal processo histórico tivesse criado uma zona amaldiçoada ou algo nesse sentido.

          Pessoalmente, concordo e discordo desse linha argumentativa, compreendo que as angústias dos antigos escravizados produziram a má fama do lugar, mas não entendo que isso tenha causado algo sobrenatural, o meu palpite é que as histórias de sofrimento e injustiça, associado ao cemitério de escravos perdido no tempo, tenham atravessado as gerações, produzindo nas pessoas a sensação de que algo de ruim tenha acontecido ali, o resto fica por conta da imaginação e das crendices do sertanejo. 

5 comentários:

  1. Que tal escavar pra ver se existe cemitério clandestino dos escravos.

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  2. Sou apaixonada por todas essas narrativas só pesso que continue explorando estas histórias. Parabéns

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  3. Meus avós têm uma propriedade do lado da Lagoa de Donato muitas das vezes quando eu perdi o horário ao brincar com meus primo quando a gente vinha a gente tentava acompanhar um senhor e nunca conseguimos chegar próximo dele, um certo dia ele se virou pra frente do arame e passou sem se abaixar aí nós falamos ué como é que passa pelo arame sem se abaixar ai meu primo Abraão falou é porque tem um colchete aí chegamos no mesmo local que ele passou sempre se abaixar e vimos que não tinha colchete nenhum aí olhamos um para o outro e saímos na carreira e mas nunca nós que perdeu o horário.
    Eu não sabia que tinha essa história não mas estou sabendo agora chega fiquei assustado mais uma vez kkk

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  4. Fabio o aventureiro do Sertão23 de julho de 2025 às 02:54

    Melhor dizendo tinha a propriedade do lado da Lagoa de Nonato hoje não tem mais

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